pesou no bolso

VÍDEO: preço da cesta básica sobe, em média, 35% em um ano

Natália Müller Poll

data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Renan Mattos (Diário)

Pessoas com carrinho cheio nos corredores dos supermercados são uma realidade cada vez mais distante em Santa Maria. Se os salários não sobem e nem a reposição inflacionária ajuda no básico da população, a saída está sendo em adaptar o cardápio. E, principalmente, abrir mão de muitos itens - que, no contexto atual, passaram a ser considerados supérfluos. Prova disso é a amostragem feita pelo Diário, em dois supermercados da cidade: o Stangherlin e o Bertagnolli. Nos locais, a cesta básica com 13 produtos custa, em média, R$ 106, em julho de 2020 e, agora, custa quase R$ 144 - o que representa uma alta de 35%.


Aluguel acumula inflação de 33,83% em 12 meses

Donos de redes de supermercados e especialistas ouvidos pela reportagem concordam que manter o básico é tem sido um desafio enfrentado pelos consumidores.
Na prática, e principalmente no bolso, isso significa que os valores dos itens básicos da mesa do brasileiro estão quase quatro vezes maior com o valor da inflação acumulada, que em julho foi calculada em 8,59% pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O presidente do sindicato que representa os proprietários dos supermercados de Santa Maria (Sindigêneros), Eduardo Stangherlin, diz que os alimentos tendem a seguir com preço elevado.
- Entre os alimentos que são itens de desejo estão a carne, que teve alta de mais de 30%, assim como o óleo de soja, que também subiu bastante por causa da alta do dólar. Acreditamos que nos próximos meses, os preços subam ainda mais.

Concorrência acirra o mercado de combustíveis, e gasolina vai subir de preço

No supermercado Bertagnolli, o óleo de soja teve alta de 100% em apenas um ano. Os alimentos que tiveram menor variação foram os hortifruti.
- Frutas, verduras e legumes dependem muito da sazonalidade e, muitas vezes, estão em promoção, mas é possível notar bem a alta dos demais alimentos nos últimos 12 meses - explica Maira Albuquerque, auxiliar de escritório do estabelecimento.

TENDÊNCIA
Na avaliação do economista e professor da UFSM, Daniel Coronel, o cenário pode piorar ainda mais. Ele destaca que a renda é a principal condicionante para que o consumidor defina o que colocará no prato:
- Com as taxas de câmbio, energia elétrica e combustíveis em alta, a tendência é que fique cada vez mais difícil encher o carrinho de compras. A cesta básica de Porto Alegre, por exemplo, é hoje a mais cara do Brasil. Estimativas e estudos realizados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que o salário mínimo do brasileiro deveria ser em torno de quatro a cinco vezes maior do que é hoje, para poder atender as necessidades básicas das famílias.

Quando a inflação pesa no bolso e esvazia os carrinhos

data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Renan Mattos (Diário)

O economista explica que a inflação atual do país tem uma característica muito singular: ela não observa a demanda existente. Ou seja, é dividida entre demandas e custos. A primeira, conforme Coronel, é quando há excesso de demanda agregada em relação à produção disponível. E com isso são grande as chances de a inflação acontecer. Ou seja, o nível da demanda permanece e os custos aumentam. Tudo isso, reforça o especialista, faz com que "o governo atue dentro da velha política monetária":
- É uma forte política de contração monetária, com aumento das taxas de juros, diminuição dos créditos e subsídios, visando diminuir o efeito inflacionário.

Grupo de voluntários cria página para ajudar quem está em busca de emprego em Santa Maria

Para Coronel, em termos de crescimento econômico e de crescimento do PIB, é necessário considerar dois aspectos:
- Primeiro, o ritmo da vacinação, que começou a ser um pouco mais acelerado e isso faz com que as atividades dos setor produtivo comecem a voltar a uma certa normalidade*, o que é um ponto extremamente positivo,* e, não obstante, a isso há uma questão que preocupa: a demanda energética. O governo precisa fazer investimentos em infraestrutura, visando evitar um apagão e, com isso, prejudicar o crescimento econômico. Claro que a situação não é tão preocupante como há 20 anos. Mas merece, sim, uma análise cuidadosa.

Coronel pontua que o governo federal frente ao avanço da pandemia, fez a injeção de recursos bilionários - puxados por repasses aos estados e municípios, bem como com o pagamento do auxílio emergencial - para manter a economia aquecida. Porém, houve um descompasso entre oferta e demanda:
- Muito dinheiro foi posto na economia no primeiro ano da pandemia em um curtíssimo espaço de tempo e sem que as cadeias conseguissem abastecer a demanda.

data-filename="retriever" style="width: 25%; float: left;">

Alternativas para manter a alimentação saudável

Ainda que o economista reconheça que a inflação atual está bem longe do que era no início dos anos 1990, ele destaca que, frente à escalada de preços, é necessário achar alternativas. Os preços não ficam elevados somente na alimentação, já que transporte e energia também têm sido reajustados, o que exige adaptação. Os preços elevados dos alimentos geram a perda do poder de compra do consumidor, o que causa uma enorme dificuldade de acesso a itens essenciais, principalmente para a população de menor renda. Com isso, inúmeras famílias optaram por alimentos processados, cujos os preços são menores.

A procura por produtos industrializados como bolachas recheadas, salgadinhos e macarrões aromatizados artificialmente - itens que, em geral, figuram nas prateleiras de promoções.
- Arroz e feijão são primordiais para o suporte proteico e energético que o organismo necessita. A carne subiu muito, mas, ao invés dos processados, é possível investir em ovos e vísceras, por exemplo. O ovo é um coringa, tem uma carga proteica alta na clara e pode ser usado em diversas preparações. Pouco usadas, as vísceras, como a moela, são uma opção mais em conta e muito nutritivas, assim como os cortes de frango - explica a nutricionista Simone Gehner.

data-filename="retriever" style="width: 25%; float: right;">

SAZONALIDADE
A nutricionista sugere apostar nas promoções do mercado que, geralmente, ocorrem em função da sazonalidade:
- Legumes compõe muito bem uma refeição, pois dão sensação de saciedade. É importante investir em frutas da época e aproveitar tudo que a fruta oferece, desde o suco até o bagaço, que tem fibras. O abacate, por exemplo, é riquíssimo em ômega 3 e, na temporada dele, fica barato. Aveia é outra dica que pode ser usada com várias preparações, garantindo índice proteico de vitaminas e minerais, que ajudam no sistema imunológico.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Asfaltamento da BR-158 trouxe desenvolvimento econômico para a região Anterior

Asfaltamento da BR-158 trouxe desenvolvimento econômico para a região

Próximo

Aluguel acumula inflação de 33,83% em 12 meses

Economia